Maio |
May |
Cinara Saiónára
Susana Coelho
Max-Planck Institute for Developmental Biology, Alemanha
Como é ser uma cientista?
Tell us about your experience as woman and scientist. Sou em primeiro lugar e acima de tudo uma cientista, mas claro que também sou mulher. Para mim, o maior desafio e ter tanto uma família (três filhos) como um trabalho moroso. Combinar uma carreira cientifica e ter uma vida familiar não e fácil, e muitas vezes têm de ser feitas concessões. Nunca me senti discriminada como mulher. No entanto, tenho experimentado "não-eventos", tais como não ser "vista", o que digo não ser tomado em consideração durante reuniões com colegas masculinos, especialmente no início da minha carreira. Hoje em dia, como cientista estabelecida, sou honesta com colegas, e especialmente com jovens cientistas e estudantes do meu grupo, sobre os meus próprios medos e fracassos, e partilho os meus triunfos. Defendo a diversidade dentro do meu grupo e dos projectos em que trabalho. Isto é particularmente importante porque o meu grupo trabalha sobre a evolução do sexo e da reprodução! Nós estudamos como é que os sexos são determinados e como é que os machos e as fêmeas se diferenciam durante o desenvolvimento. Em vez de usar animais ou plantas, usamos algas castanhas como organismo modelo, de forma a poder compreender a evolução do sexo na Árvore da Vida. Usamos uma série de abordagens, desde a genética e genómica até à biologia computacional e à fisiologia comparativa. Finalmente, e mais importante, esforço-me por viver uma vida com um equilíbrio justo e realista entre carreira e família, para que as gerações mais jovens de mulheres possam ver-me como um modelo a seguir, bem-sucedida e feliz. Para mim não há distinção entre homens e mulheres em investigação - ambos os sexos são movidos pela sua paixão pela ciência. I am and want to be seen as a scientist, but of course I am also a woman. For me the biggest challenge is having both a family (three children) and a time-consuming job. Combining a scientific career and having a family life is not easy, and compromises often have to be made. I have never felt discriminated against as a woman. However, I have experienced the so called "non-events" such as not being "seen", which I say not being taken into consideration during meetings with male colleagues, especially early in my career. Today, as an established scientist, I am honest with young scientists and students in my group, about my own worries and triumphs. My group and my projects are diverse, and this is particularly important because we work on the evolution of sex and reproduction! We study how the sexes are determined and how males and females differentiate during development. Instead of using animals or plants, we use brown algae as a model organism, so that we can understand the evolution of sex in the Tree of Life. We use a range of approaches, from genetics and genomics to computational biology and comparative physiology. Finally, and most importantly, I strive to live a life with a fair and realistic balance between career and family, and hopefully younger generations of women scientists can see me as a successful and happy role model. For me there is no distinction between men and women in research - both sexes are driven by their passion for science. |
Que outra cientista te inspirou?
Tell us about another scientist that has inspired you. Durante a minha carreira como investigadora conheci muitas mulheres (mas também homens!) cientistas surpreendentes e inspiradores. Embora seja difícil para os jovens cientistas ganhar visibilidade e reconhecimento, a situação é mais complexa para as mulheres, que ainda enfrentam piadas e comentários misóginos, muitas vezes sobre a sua aparência física ou comportamento. Para evitar tais situações, uma colega mulher disse-me uma vez para tentar parecer o mais masculina possível. Mas eu não segui esse conselho. Creio que o preconceito de género deve ser desafiado de frente, trazendo mais diversidade e abertura para o mundo académico. Por isso, faço questão de ser eu própria, trabalhando com pessoas que me aceitam como eu sou. Sim, é possível usar maquilhagem e vestidos, ter uma enorme colecção de sapatos, ter filhos e uma vida familiar feliz e, ao mesmo tempo, ser uma excelente cientista! During my research career I have met many amazing and inspiring female (but also male!) scientists. While it is difficult for young scientists to be recognized, the situation is even more complex for women, who still face misogynist jokes and remarks, often about their physical appearance or behavior. To avoid such situations, a woman colleague told me once to try to look as non-feminine as possible. But I did not follow that advice. Gender bias must be directly challenged by increasing diversity and openness into academia. So, I make a point to be spontaneous and myself. Yes absolutely, you are allowed to put on makeup, wear fancy dresses, have a huge collection of shoes, have kids and a happy family life—and at the same time be an excellent scientist! |